terça-feira, 2 de agosto de 2011

Milton Santos

Milton Santos - 1926-2001
Bacharel em Direito, Universidade Federal da Bahia (1948)
Doutor em Geografia, Universidade de Strasbourg (1958), sob orientação do Prof. Jean Tricart.
 foi um geógrafo brasileiro. Apesar de ter se graduado em direito, Milton destacou-se por seus trabalhos em diversas áreas da geografia, em especial nos estudos de urbanização do Terceiro Mundo. Foi um dos grandes nomes da renovação da geografia no Brasil ocorrida na década de 1970.

Alexander von Humboldt

Friedrich Heinrich Alexander,( o barão de Humboldt), mais conhecido como Alexander von Humboldt, foi um geógrafo, naturalista e explorador alemão  e o irmão mais jovem do ministro e lingüista prussiano Wilhelm von Humboldt.
Alexander von Humboldt foi um cientista de uma polivalência que poucas vezes se observou e, haja vista como a ciência se desenvolveu e especializou, certamente não mais será vista. Ele desenvolveu (e se especializou em) diversas áreas: foi etnógrafo, antropólogo, físico, geógrafo, geólogo, mineralogista, botânico, vulcanólogo e humanista, tendo lançado as bases de ciências como a Geografia, Geologia, Climatologia e Oceanografia. Apesar de ter pesquisado diversas coisas em seus mínimos detalhes, sempre o fez com uma visão geral e imparcial.

Friedrich Ratzel

Friedrich Ratzel  foi um geógrafo e etnólogo alemão, notável por ter criado o termo Lebensraum (espaço vital).
Assim como os demais geógrafos clássicos, Ratzel sustenta que a geografia não é uma ciência natural e nem uma ciência humana, mas sim uma ciência de contato entre essas duas grandes áreas do conhecimento. Essa corrente de pensam
ento definia a geografia como uma ciência de síntese, isto é, uma ciência que estuda as relações entre elementos heterogêneos na superfície terrestre, tanto os naturais quanto os sociais. Mas ele foi também o primeiro a propor a constituição de um ramo da geografia especificamente dedicado ao estudo do homem na sua interação com a natureza, ao qual ele denominou "antropogeografia". Assim, Ratzel "é considerado por muitos o fundador da moderna geografia humana, sendo responsável também pelo estabelecimento da geografia política como disciplina."

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Texto de Milton Santos

Milton Santos
- O mundo como fábula, como perversidade e como 
possibilidade
Vivemos num mundo confuso e confusamente percebido. Haveria nisto um paradoxo pedindo uma explicação? De um lado, é abusivamente mencionado o extraordinário progresso das ciências e das técnicas, das quais um dos frutos são os novos materiais artificiais que autorizam a precisão e a intencionalidade. De outro lado, há, também referência obrigatória à aceleração contemporânea e todas as vertigens que cria, a começar pela própria velocidade. Todos esses, porém, são dados de um mundo físico fabricado pelo homem, cuja utilização, aliás, permite que o mundo se torne esse mundo confuso e confusamente recebido. Explicações mecanicistas são, todavia, insuficientes. É a maneira como, sobre essa base material, se produz a história humana que é a verdadeira responsável pela criação da torre de babel em que vive a nossa era globalizada. Quando tudo permite imaginar que se tornou possível a criação de um mundo veraz, o que é imposto aos espíritos é um mundo de fabulações, que se aproveita do alargamento de todos os contextos (M. Santos, "A natureza do espaço", 1996) para consagrar um discurso único. Seus fundamentos são a informação e o seu império, que encontram alicerce na produção de imagens e do imaginário, e se põem ao serviço do império do dinheiro, fundado este na economizarão e na monitorização da vida social e da vida pessoal.
Com essa grande mudança na história, tornamo-nos capazes, seja onde for, de ter conhecimento do que é o acontecer do outro. Nunca houve antes essa possibilidade oferecida pela técnica 'a nova geração de ter em mãos o conhecimento instantâneo do acontecer do outro. Essa é a grande novidade, o que estamos chamando de unicidade do tempo ou convergência dos momentos. A aceleração da história, que o fim do século XX testemunha, vem em grande parte disto. Mas a informação instantânea e globalizada por enquanto não é generalizada e veraz porque atualmente intermediada pelas grandes empresas de informação.
E quem são os atores do tempo real? Somos todos nós? Esta pergunta é um imperativo para que possamos melhor compreender nossa época. A ideologia de um mundo só e da aldeia global considera o tempo real como um patrimônio coletivo da humanidade, mas ainda estamos longe desse ideal, todavia alcançável.
A história é comandada pelos grandes atores desse tempo real, que são, ao mesmo tempo, os donos da velocidade e os autores do discurso ideológico. Os homens não são igualmente atores desse tempo real. Fisicamente, isto é, potencialmente, ele existe para todos. Mas efetivamente, isto é, socialmente, ele é excludente e assegura exclusividade, ou, pelo menos, privilégios de uso.


Texto publicado em Parangolá - O Paradoxo da Redundância, de Sérgio Guerra / Edições Maianga, 2004